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  • Foto do escritorGiovanna Pieroni

Alimentos Sustentáveis: o plantio de orgânicos e convencionais


Muitos acreditam que as agriculturas convencionais e orgânicas competem por um mesmo mercado e, necessariamente, uma é contrária à outra. Mas diferentemente do que circula por aí, essas duas formas de produção devem cumprir seus papéis para a produção sustentável de alimentos, de modo a atender uma demanda crescente, já que a população mundial aumenta diariamente.

Mas antes de aprofundar nosso tema, vale fazer um parêntese para falar um pouco sobre o que seria a produção sustentável de alimentos. Trata-se da agricultura que, além de cuidar das pessoas envolvidas, faz uso das boas práticas agrícolas e respeita o meio ambiente. Ou seja, produzir alimentos fazendo uso do menor volume de recursos (água, terra e demais insumos) possível, garantindo produtividade com a segurança do trabalhador, para que os agricultores e pessoas que trabalham no campo possam ter uma vida digna.

Agora, voltando para o tema central da nossa discussão: principais semelhanças e diferenças na produção de alimentos orgânicos e convencionais. É comum a todos os sistemas de produção agrícola o desafio de preservar o potencial produtivo das plantas e, para isso, o controle das pragas, plantas daninhas e doenças, que competem com as plantas cultivadas, é uma realidade. E o que faz com que um alimento seja considerado orgânico ou convencional é a natureza dos produtos usados com foco no controle de pragas e na fertilização do solo.

Em um cultivo convencional, além de poder fazer uso (e é recomendado que se faça) de técnicas como rotação de culturas, manejo integrado de pragas (MIP), dentre outras boas práticas agrícolas, utilizam-se defensivos e fertilizantes químicos ou sintéticos, isto é, que são produzidos artificialmente, para apoiar a produção agrícola. As aplicações de defensivos, também chamados de agrotóxicos, ocorrem quando as técnicas de manejo não-químicas não são capazes de controlar infestações que ameaçam a produtividade do plantio.

Não muito distante das medidas adotadas no sistema de produção convencional, o sistema de produção orgânico faz o manejo da terra e controla pragas por meio da aplicação de produtos de natureza orgânica ou biológica, como adubo orgânico, sulfato de alumínio, enxofre e calda bordalesa – que podem ser químicos também, mas não sintéticos. As plantações orgânicas também usam defensivos, a diferença é que ao invés de serem produzidos artificialmente, eles são encontrados na natureza. Isso não significa que um tratamento é melhor que o outro, e nem que seja mais seguro que o outro.

Além disso, segundo entrevista concedida por Luis Madi, diretor-geral do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), ao jornal Zero Hora, não há evidências científicas suficientes para afirmar que os alimentos orgânicos são superiores aos convencionais. O Diretor ainda complementa: “Crenças dos consumidores, como presença maior de nutrientes e vitaminas e melhor sabor, não foram comprovadas em recente estudo comparativo de propriedades de alimentos com origem de distintas formas de produção agrícola. A diferença é que um sistema usa químicos e outro compostos orgânicos.”

Lembrando que agricultura orgânica também não é sinônimo de agricultura mais sustentável, em determinados casos, essa modalidade de cultura pode ser consideravelmente menos eficiente e rentável que os sistemas convencionais. De acordo com o que diz o Professor Seufert (Instituto de Estudos Ambientais da Universidade de Amsterdã), em um artigo de Sarah Murray, para o jormal, de língua inglesa, Financial Times, o desempenho do produtor orgânico é bastante variado e o menor uso de determinados fertilizantes não representa um melhor uso desses insumos.

O artigo ainda pontua comparações entre o desempenho da produção agrícola orgânica com a convencional evidenciando que o sistema de produção de orgânicos pode produzir de 19 a 25% menos produtos.

Um outro grande questionamento, quando a temática tratada é “Orgânico vs. Convencionais”, gira em torno dos resíduos encontrados nos alimentos. O que muitas vezes fica fora desse debate é que todo alimento pode ter algum tipo de resíduo, seja orgânico (como bactérias e vírus) ou químico – a depender do processo produtivo da lavoura. Alertar que há resíduos na superfície dos alimentos não é o mesmo que dizer que os alimentos são ruins ou estão contaminados. Falta esclarecimento da população em geral acerca dos estudos e das pesquisas feitas com relação aos produtos químicos: eles são exaustivamente testados e, após um rigoroso processo, aprovados para uso no campo, considerando limites máximos de resíduos aceitáveis, atingidos quando orientações contidas em bula são seguidas.


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